Jéssica Augusto relatou em rede social um comentário considerado racista durante apresentação de coral na igreja MCV. Pastor Pedro Paulo assumiu a culpa no culto seguinte.

A cantora gospel Jéssica Augusto usou o Instagram para denunciar um episódio de racismo que, segundo ela, ocorreu durante um culto na igreja MCV, em Osasco (SP), com um ministro de louvor, durante sua apresentação. Após o culto, ela publicou um vídeo em que relata a fala que considerou ofensiva e pede retratação.
“Não podemos deixar passar o que aconteceu. É preto, mas não tem que falar que preto não dá para ver no escuro. ‘Ah, é com carinho.’ Não, obrigada. A gente não quer esse tipo de palavras. Isso precisa acabar agora, seja na sua igreja, seja na minha igreja ou em qualquer lugar”, afirmou.
No relato, a artista reforçou que não tinha vínculo com a congregação e cobrou posicionamento público: “Nós queremos uma retratação. Queremos uma postura. O governo de Osasco não pode ter alguém representando e falando essas coisas”.
A postagem repercutiu entre fiéis e músicos do segmento gospel. Jéssica disse estar “chocada” com o que ouviu e destacou que comentários racistas não devem ser naturalizados em ambientes religiosos. “Na hora, a gente fica sem reação. Depois, quando para para pensar, isso nos choca. Que não aconteça em lugar nenhum”, escreveu.
Pedido de perdão no culto seguinte
No culto seguinte, o pastor Pedro Paulo — que também é secretário de Comunicação de Osasco — pediu a palavra e fez um pedido público de desculpas, afirmando que a expressão usada foi racista e que reconhecia a gravidade do erro.
“Ontem eu fiz um comentário totalmente racista. Eu reconheço a falha. Foi uma fala racista e isso vai servir para mim, para meu conhecimento, para minha família. Estou aqui para te pedir perdão e reconhecer minha falha”, disse.
Segundo o próprio pastor, a frase ocorreu quando ele procurava um ministro no público e teria dito algo como: “Negão, no escuro não te vi”. Ao se desculpar, Pedro Paulo afirmou que mantém respeito e admiração pelos colegas citados e que a fala “cem por cento errada” não representa sua conduta. “Quero te pedir perdão publicamente. Para você e para a pastora Jéssica”, completou.
A retratação foi feita no púlpito, diante da congregação. Fiéis registraram o momento em vídeo, e o conteúdo passou a circular em perfis religiosos e páginas locais. Integrantes da igreja relataram que o episódio abriu espaço para debates internos sobre linguagem, racismo estrutural e boas práticas de acolhimento em eventos com convidados.


