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CASAL DA ASSEMBLEIA DE DEUS VAI A JÚRI POR MATAR 8 PARENTES COM “CHUMBINHO”

Casal acusado de matar parentes com chumbinho - @Reprodução
Casal acusado de matar parentes com chumbinho – @Reprodução

O juiz Willmann Izac Ramos Santos, da 1ª Vara Criminal de Parnaíba (PI), decidiu nesta terça-feira (21) levar a júri popular Francisco de Assis Pereira da Costa e Silva e Maria dos Aflitos Silva, acusados de envenenar 10 pessoas — oito familiares, uma vizinha e o filho dela. A decisão reconhece a existência de prova da materialidade e indícios suficientes de autoria e mantém a prisão preventiva do casal, preso desde janeiro de 2025.

Segundo a denúncia do Ministério Público do Piauí (MPPI), os crimes foram praticados em três datas: 22 de agosto de 20241º de janeiro de 2025 e 22 de janeiro de 2025. Em todas, teria sido utilizada substância tóxica à base de terbufós — similar ao “chumbinho” — adicionada a bebidas e alimentos consumidos pelas vítimas. Oito pessoas morreramduas sobreviveram após internação. Francisco de Assis, apontado nas investigações como um dos articuladores, era membro da Igreja Evangélica Assembleia de Deus no Piauí.

Conforme a decisão, os réus irão a júri por um total de 24 crimes. Para o magistrado, cabe ao Tribunal do Júri, órgão competente para julgar crimes dolosos contra a vida, apreciar as teses de acusação e defesa à luz dos laudos periciais e depoimentos colhidos.

Identificação do réu

Como foi a cronologia dos envenenamentos

De acordo com o MPPI, o primeiro episódio ocorreu em 22 de agosto de 2024, quando Ulisses Gabriel da Silva (8) e João Miguel da Silva (7) ingeriram suco contaminado e morreram. À época, a vizinha Lucélia Maria chegou a ser presa como suspeita, negou participação e, posteriormente, foi absolvida pela Justiça. Após a elucidação dos laudos, familiares relataram alívio: “Alegre porque apareceu a verdade”, disse a vizinha inocentada.

O segundo envenenamento teria acontecido em 1º de janeiro de 2025, com a contaminação de um arroz consumido por nove pessoas. Cinco morreram — Manoel Leandro da SilvaIgno Davi da SilvaMaria Lauane Fontinele Lopes SilvaFrancisca Maria da Silva e Maria Gabriele da Silva. Outras três vítimas — uma adolescente de 17 anos, um menino de 11 (filho de Maria Jocilene) e a própria Maria Jocilene da Silva — foram hospitalizadas e receberam alta. Francisco de Assis também ingeriu o alimento, foi internado e, ao ter alta, acabou preso. Segundo a polícia, ele apresentou versões divergentes sobre o ocorrido.

O terceiro fato foi registrado em 22 de janeiro de 2025. A acusação aponta que Maria dos Aflitos teria inserido a mesma substância tóxica em um café ingerido por Maria Jocilene da Silva — ex-nora e vizinha do casal. Após um primeiro envenenamento no dia 1º, Maria Jocilene voltou a passar mal no dia 22 e morreu. O filho dela, de 11 anos, que também havia sido intoxicado no episódio do arroz, sobreviveu.

O que cada réu responderá no Júri

Pelo despacho, Francisco de Assis Pereira da Costa e Silva é réu por 12 crimes:

  • Quatro homicídios qualificados;

  • Três feminicídios majorados;

  • Três tentativas (dois feminicídios majorados tentados e um homicídio qualificado tentado);

  • Fraude processual;

  • Denunciação caluniosa (por supostamente tentar incriminar uma vizinha).

Já Maria dos Aflitos Silva também responderá por 12 crimes:

  • Quatro homicídios qualificados;

  • Quatro feminicídios majorados;

  • Três tentativas (dois feminicídios majorados tentados e um homicídio qualificado tentado);

  • Denunciação caluniosa.

Embora a acusação trate de 10 vítimas envenenadas, o MPPI considera que uma delas foi alvo de tentativa de homicídio e, posteriormente, homicídio consumado, o que explica a soma dos 24 delitos imputados ao casal.

Vítimas conforme a denúncia (com óbitos e sobreviventes):

  • Manoel Leandro da Silva (18) – morto;

  • Francisca Maria da Silva (32) – morta;

  • Ulisses Gabriel da Silva (8) – morto;

  • João Miguel da Silva (7) – morto;

  • Maria Gabriele da Silva (4) – morta;

  • Lauane da Silva (3) – morta;

  • Igno Davi da Silva (1 ano e 8 meses) – morto;

  • Maria Jocilene da Silva (32) – morreu após novo envenenamento em 22/1/2025;

  • Menino de 11 anos (filho de Maria Jocilene) – sobreviveu;

  • Adolescente de 17 anos (irmã de Manoel e Francisca Maria) – sobreviveu.

A perícia encontrou traços de terbufós nas vísceras das vítimas e nos alimentos recolhidos, sustentando a narrativa de intoxicação por agente organofosforado. A decisão judicial também ressalta a existência de indícios de denunciação caluniosa, diante da tentativa de atribuir os crimes a uma vizinha.

Com o recebimento da denúncia, o processo segue para a fase de instrução em plenário do Júri, quando jurados ouvirão testemunhas, peritos, acusação e defesa antes da votação dos quesitos. Até lá, o casal permanece preso preventivamente.

 

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