
A 13ª Vara Cível do Foro Central da Comarca de Porto Alegre julgou improcedente a ação movida pela influenciadora Andressa Urach contra a Igreja Universal do Reino de Deus. No processo, a ex-modelo pedia a anulação de doações que, segundo ela, teriam sido feitas sob “coação moral e espiritual”.
Urach alegava ter contribuído com valores e bens de alto valor, incluindo aproximadamente R$ 2 milhões provenientes dos direitos autorais de seu livro, além de carros, ao longo de seis anos de vínculo com a instituição.
De acordo com o depoimento, a relação de Andressa com a igreja começou em 2014, após uma internação hospitalar. Ela contou que recebeu a visita de pastores, passou a frequentar os cultos e, a partir de então, teria sido submetida a uma espécie de “lavagem cerebral”.
Segundo seu relato, a igreja utilizava interpretações bíblicas para causar medo nos fiéis, incentivando doações significativas. Mesmo contrariada, afirmou ter permanecido no grupo religioso por anos, tentando inclusive se tornar missionária.
Uma testemunha ouvida no processo disse que, durante esse período, Urach se encontrava em vulnerabilidade financeira. Para ela, as contribuições teriam sido motivadas pela promessa de benefícios espirituais e pela pressão emocional, num momento delicado de saúde física e mental.
Defesa e posicionamento da Igreja
A Igreja Universal negou qualquer tipo de coerção, defendendo o princípio da liberdade religiosa e a voluntariedade das ofertas. Segundo a instituição, as contribuições são “atos de fé” e não houve ameaça ou pressão individualizada para que a influenciadora realizasse as doações.
Sentença judicial
Na decisão, o juiz afastou a tese de coação moral e também rejeitou o argumento de “doação universal” — que se caracteriza quando uma pessoa transfere todo o seu patrimônio sem preservar recursos mínimos para subsistência.
O magistrado destacou que, apesar das doações expressivas, Andressa ainda possuía um imóvel registrado em seu nome, o que afastaria a hipótese de ter ficado completamente desprovida de bens.
Com a sentença, Urach não terá direito à devolução dos valores ou bens doados. O processo, iniciado em 2021, visava reaver cerca de R$ 2 milhões. Apesar de, em determinado momento, ela ter anunciado publicamente a desistência da ação, o caso seguiu até o julgamento final, resultando na vitória da igreja.