“Tem os malucos que ficam com essa ideia de AI-5, de intervenção militar das Forças Armadas… que os chefes das Forças Armadas jamais iam embarcar nessa só porque o pessoal estava pedindo ali”, afirmou o ex-presidente ao responder questionamentos do Procurador-Geral da República, Paulo Gonet.

O AI-5 (Ato Institucional nº 5) foi o mais duro instrumento de repressão adotado durante a ditadura militar brasileira (1964-1985), suspendendo garantias constitucionais, fechando o Congresso Nacional e institucionalizando a censura e a perseguição política.

Durante o depoimento, Bolsonaro insistiu que não teve qualquer participação nos atos que culminaram na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, em Brasília. Ele alegou que, ao contrário, fez uma live antes de viajar aos Estados Unidos pedindo que seus apoiadores evitassem o confronto e afirmou ter permanecido recluso no Palácio da Alvorada durante o período de transição.

“Se eu almejasse um caos no Brasil, era só ficar quieto. Mas eu fiz um vídeo pedindo a desobstrução das vias. Nós repudiamos tudo isso aí”, declarou Bolsonaro, negando ter estimulado ações ilegais.

Questionado sobre os acampamentos de apoiadores em frente a quartéis, onde eram feitas manifestações por uma intervenção militar com Bolsonaro no poder, o ex-presidente declarou que sempre buscou evitar o agravamento da situação. “Alguns poucos falavam até em AI-5. Eu chegava e perguntava: ‘Você sabe o que é isso?’ Eles nem sabiam. Intervenção militar? Isso não existe. É pedir pro senhor praticar o suicídio”, disse.

Ainda segundo Bolsonaro, a decisão de não desmobilizar os manifestantes teve como objetivo evitar um cenário ainda mais tenso. “Se nós desmobilizássemos aquilo, poderia o pessoal ir na região aqui da Praça dos Três Poderes, o que é pior ainda. [É melhor] ficar lá, afastado”, justificou.

O ex-presidente foi o sexto réu a prestar depoimento no processo que apura a tentativa de ruptura democrática no país após o resultado das eleições de 2022.