
O episódio envolvendo um pastor que foi flagrado usando peruca e calcinha azul — apelidado por internautas como “kit Uma Linda Mulher” — continua gerando repercussão nas redes sociais. Enquanto parte do público reage com deboches e críticas severas, a psicanalista Ângela Irino trouxe uma leitura diferente, chamando atenção para aspectos emocionais e psicológicos envolvidos.
Segundo a especialista, o caso revela muito mais do que um ato excêntrico ou escandaloso. “Ele é o reflexo de alguém que se esconde atrás da religiosidade, um mecanismo de defesa para quem não aprendeu a lidar com traumas emocionais”, afirmou.
“Uma mente em colapso”
Para Ângela, comportamentos desse tipo não surgem do nada. “Estamos vendo uma mente em colapso, tentando sustentar uma imagem que não corresponde ao que a pessoa realmente sente. Por isso, na calada da noite, ela age conforme aquilo que guarda dentro de si”, explicou.
A psicanalista destacou que a atitude, que para muitos parece apenas extravagante, pode ser lida como um ato simbólico de dor psíquica profunda. “Na psicanálise, isso é quando a dor se expressa de forma escandalosa. Não é só safadeza ou loucura: é uma alma escondendo desejos inaceitáveis para o meio em que vive”, disse.
Ela ainda relacionou o episódio ao contexto religioso rígido no qual líderes espirituais estão inseridos. “Quanto mais duro é o ambiente de fé, maior tende a ser o rompimento com a imagem idealizada quando a pessoa não aguenta mais sustentar esse papel”, observou.
Ao final, Ângela lançou um desafio para além do julgamento moral. “Julgar é fácil. Agora, você conseguiria ouvir esse homem sem condenar? Porque é isso que um terapeuta faz”, provocou.
Especialistas em comportamento religioso ressaltam que episódios como esse não devem ser vistos apenas como casos isolados ou caricatos, mas como sinais de um problema mais profundo: a pressão exercida sobre líderes espirituais para manterem uma imagem de perfeição inatingível.


